O Instituto de Pesquisa Ipsos atestou que o Brasil tem a segunda maior incidência de cyberbullying contra crianças e adolescentes. Quando o assunto é a prática em ambiente escolar, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) avalia que 1 a cada 10 estudantes brasileiros são vítimas todos os anos.
Os dados expõem uma dificuldade das instituições de ensino em perceber esse tipo de situação. Em reação a essa realidade, escolas da capital potiguar mantém projetos permanentes para dialogar e intervir no problema, que leva 1 a cada 5 crianças afetadas a pensarem em suicídio e as torna mais propensas ao abuso de substâncias na vida adulta.
Engajada no combate ao bullying há 11 anos no Colégio Nossa Senhora das Neves, Zona Leste de Natal, a psicóloga potiguar Nadja Waleska afirma que para combater o problema é necessário agir antes que ele comece.
Dinâmicas integrativas, rodas de conversa, materiais e leituras que incentivem a inclusão e o respeito devem acompanhar as crianças desde os primeiros anos de formação. “Cada nível de ensino da escola precisa ter uma psicóloga trabalhando junto com os professores. Assim fica mais fácil criar interações anti-bullying apropriadas para cada fase da infância ou adolescência”, explica Nadja.
Para a psicóloga, a Educação Socioemocional precisa ser integrada à proposta pedagógica das escolas, como um passo importante em direção a um ambiente mais seguro. “Como parte da rotina escolar, conseguimos falar sobre sentimentos, emoções e incentivamos a autorreflexão dos jovens sobre as próprias atitudes”, afirma.
Apesar dos cuidados, casos de bullying ainda podem acontecer, e, para cuidar desse problema, Nadja explica que tanto a escola quanto as famílias precisam estar alertas. Ao perceber que um aluno está praticando ou sendo vítima de piadas de mau gosto, ameaças ou até agressões, a reação precisa ser imediata para defender a criança ou adolescente que está sendo vítima.
“Nosso método é sempre trazer os pais de todas as crianças envolvidas para a conversa. Achando o motivo e discutindo o problema com a criança que está praticando o bullying, nós conseguimos reverter a situação e evitar que esse comportamento se propague. Ao mesmo tempo, acolhendo a vítima e mostrando que ela não está sozinha evitamos que ela desenvolva sequelas mentais da violência que sofreu”, conclui a psicóloga.