Por William Medeiros.
A Comissão de Saúde da Câmara Municipal (CMN) realizou uma audiência pública para discutir o problema da falta de médicos para atendimentos psiquiátricos em Natal. Entre os encaminhamentos, o grupo parlamentar vai defender que a Prefeitura mantenha o mínimo de um psiquiatra em cada distrito sanitário como forma de garantir acesso aos atendimentos e aos medicamentos controlados e de uso contínuo.
O vice-presidente da Associação Norte-riograndense de Psiquiatria (ANP), Emerson Arcoverde, explicou que a falta de atendimento tem deixado a população mais doente e provocado o aumento do caso de suicídios em Natal. Ele adiantou que são necessários mais profissionais para garantir a saúde mental da população.
“Várias são as ações necessárias para se prevenir o exercício, mas o principal é oferecer tratamento de qualidade em saúde mental, já que entre os principais fatores de risco para o suicídio é portar um transtorno mental sem tratamento. Mais de 90% das pessoas que se matam tem algum transtorno mental, mas mais de 90% dos portadores de transtorno mental não se matam porque tem um tratamento adequado. Apesar do esforço que a Prefeitura tem feito, o atendimento em psiquiatria é deficitário. O número de profissionais é muito aquém da real necessidade”, contou ao lembrar que um concurso público que está para ser homologado deve trazer mais 10 médicos para o Município, mas que esse número, mesmo assim, ainda é insuficiente.
A psicóloga Emanuelle Camelo, que integra a equipe de saúde mental do Município, explicou que o último concurso vai permitir a contratação de 10 psiquiatras para minimizar o quadro deficitário.
“Nós estamos aguardando a homologação do último concurso para a gente ter o quantitativo de psiquiatras ampliados. A gente está com um déficit, mas estamos fazendo um trabalho de lotação dos profissionais”, reforçou ao parabenizar a Comissão por promover o debate dentro do Setembro Amarelo.
O tema surgiu dentro do calendário do Setembro Amarelo, que instituiu o mês como para discutir a prevenção ao suicídio. O vereador Franklin Capistrano (PSB), médico psiquiatra por formação, elogiou a Comissão por discutir o tema na Casa e lembro da importância desses profissionais para combater o suicídio em Natal.
“Os debates acontecem exatamente no mês do Setembro Amarelo com todos conscientizando população acerca da importância do tratamento de saúde mental para combater o suicídio. Nós já visitamos as unidades de Natal e só encontramos carências, dificuldades, demandas reprimidas e boa parte da população abandonada no que diz respeito a atendimento psiquiátrico. É importante alertar as autoridades para garantirmos a estabilidade emocional da nossa população e a Comissão de Saúde, mais uma vez, cumpre seu papel com esse debate”, analisou.
O presidente da Comissão, vereador Fernando Lucena (PT), explicou que a Comissão promoveu o debate para balizar a formatação de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para garantir o mínimo de um médico psiquiatra 24 horas em cada distrito sanitário de Natal. Ele lembrou que devido a falta de atendimento, pessoas estão morrendo.
“As pessoas se internam em casos psiquiátricos. Essas pessoas têm alta não tem acompanhamento e volta novamente meses depois. E aquele leito que poderia ser ocupado por um novo cidadão volta a ser ocupado pelo mesmo paciente. É uma situação muito difícil, principalmente com os remédio que são contínuos, mas existe a demora no agendamento de uma consulta. Vamos propor o atendimento 24 horas porque, quando o remédio acaba, o paciente não tem a receita, porque não teve atendimento. É um medicamento controlado, que precisa do atendimento por um médico psiquiatra. Precisamos destravar isso para que o cidadão tenha acesso ao atendimento e ao medicamento”, explicou.
Foto: Elpídio Junior.