Por William Medeiros.
A situação descrita através da nota publicada pelo Conselho Superior da Capes na última quinta-feira, 2, na qual o conselho alega que a diminuição no orçamento de 2019 pode fazer com que todas as 93 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado sejam suspensas a partir de agosto, tem potencial para atingir 1609 pesquisadores com bolsas de mestrado e doutorado, vinculados aos programas de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além de 1129 beneficiários dos Programas de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) e de Residência Pedagógica.
Para o pró-reitor de Pós-Graduação da UFRN, Rubens Maribondo, a medida afeta a sociedade como um todo. “Quando nós nos debruçamos sobre uma pesquisa, é para resolver um problema ou encontrar parâmetros para essa resolução. Normalmente, esses problemas são os da nossa região. É preciso perceber que, com essa medida, pesquisas científicas ficarão inviabilizadas e a universidade deixará de ser universidade para se transformar em uma escola. Significa que apenas retransmitiremos o que está escrito nos livros sem buscar a aplicabilidade dos ensinamentos à realidade potiguar”, enfatizou.
Essa avaliação encontra eco nas palavras da reitora da UFRN, Ângela Maria Paiva Cruz. Para ela, as conseqüências são irreparáveis e abrangem não apenas o ensino superior, mas também a educação básica. “As bolsas da Capes também contribuem para a inserção dos estudantes das licenciaturas, futuros educadores, nas escolas públicas municipais e estaduais. Sem essa inserção, a educação básica é prejudicada de duas formas: em curto prazo, a fragilidade na formação destes profissionais; a médio e longo prazo, com uma formação deficitária de professores haverá uma menor contribuição para a melhoria da qualidade da educação básica”, colocou.
No estado, são 1931 bolsas de mestrado e doutorado, distribuídos entre a UFRN, Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Segundo a reitora, a formação de recursos humanos será atingida para pelo menos seis mil pessoas só na pós-graduação da UFRN. “Essa medida, caso seja mantida, implica em perdas de cérebros, de mentes pensantes, para outros países. Provoca também uma interrupção de produção científica que não será retomada facilmente, haja vista o fazer ciência demandar tempo para a percepção dos resultados”, colocou a gestora.
Ângela Paiva acrescentou que a UFRN, através da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), é signatária da nota do Conselho da Capes e vai defender, junto aos membros do Executivo Federal e em articulação com o Ministério da Educação, parlamentares e outras organizações da sociedade científica, a sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) recentemente aprovada no Congresso Nacional, “o que representa a condição inicial mínima para o custeio da pós-graduação nas universidades federais”, segundo a gestora potiguar.
Foto: Agecom/Anastacia Vaz.