Por William Medeiros.
A Câmara Municipal de Natal realizou uma audiência pública, na tarde desta quarta-feira (29), para discutir a atenção às crianças com Transtorno Espectro Autista (TEA). A proposição foi do vereador Preto Aquino (PATRI).
Um relatório do Centro de Controle de Doenças (CDC) mostra que 1 a cada 59 crianças apresenta algum grau de TEA, o que corresponde a um aumento de 15% em relação aos últimos dois anos A pesquisa mostrou que o autismo é quatro vezes mais comum em meninos do que meninas e mais frequente em crianças de etnia branca do que afrodescendente e de origem hispânica.
O vereador Preto Aqui destacou a importância do tema e ainda a importância da Câmara debater a doença diante do crescente número de casos registrados nos últimos anos.
“Nessa tarde, pudemos, através das pessoas que diretamente militam na área e que trabalham com essas pessoas, abrir o debate para que a sociedade tomem ciência da doença e da história de cada paciente”, disse.
O médico Júlio Melquíades, que atende na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), explicou que o TEA é caracterizado pela dificuldade de interação em vários níveis, que atingem quatro esferas: interação, linguagem, comportamento e disfunção sensorial. Ele argumentou que diante dessa situação, é importante o diagnóstico precoce para para conseguir garantir um desenvolvimento melhor das crianças.
“Como ela tem dificuldade de interação, isso termina dificultando o aprendizado das atividades sociais. Aliado a isso, temos uma dificuldade O diagnóstico é clínico e, quanto mais precocemente a gente conseguir iniciar um tratamento adequado com equipe multidisciplinar, mais a gente vai poder desenvolver essa criança”, disse.
O atendimento por uma equipe multidisciplinar, inclusive, foi o que proporcionou Sheila Patrícia, mãe de uma criança de 7 anos de idade com TEA, identificar a doença e buscar melhorias na qualidade de vida do filho. Ela contou que passou por diversos profissionais médicos e nenhum deles conseguiu diagnosticar o transtorno no filho.
“Paguei médicos caríssimos e eles sempre diziam que meu filho não tinha nada, mas eu sempre sentia algo diferente com ele. Até que o doutor Júlio atendeu de uma forma diferente e conseguiu diagnosticar a doença juntamente com os outros profissionais e garantir mais saúde e, principalmente, mais direitos para meu filho como duas professoras em sala de aula. O diagnóstico, com certeza, mudou a vida do meu filho para melhor”, disse.
Normalmente, essas equipes multidisciplinares são formadas por médicos neuropediatras, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. Os participantes recomendaram às famílias que busquem profissionais realmente qualificados para tentar diagnosticar ou não a doença.
Participaram da audiência médicos, representantes de associações de acolhimento e atendimento às famílias de crianças com Transtorno Espectro Autista e profissionais da área da saúde.
Foto: Elpídio Junior.